Na Revista Bravo deste mês a matéria de capa é sobre o relançamento dos livros de Manuel Bandeira, em comemoração aos 120 anos de seu nascimento. Além de suas poesias, a editora Cosac Naify vai mostrar uma face dele não tão conhecida: de crítico e cronista.
Gostei de ler um pouco mais sobre ele: me apaixonei por ele através de um livro infanto-juvenil que tive que ler pra escola. A Marca de Uma Lágrima foi um dos mais marcantes que já li até hoje (acho que se lesse hoje não seria tão bom mas, na época mexeu muito comigo - eu devia ter uns 13 anos) e pretendo ler mais de seus livros.
Para quem queria ser engenheiro como o pai e que largou os estudos quando soube que estava com tuberculose, Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho foi longe: tendo se tratado inclusive na Suíça, passado pela França, onde conheceu poetas, além dos que já tinha contatos por aqui (existem cartas trocadas entre ele e Drummond), ele é considerado até hoje um dos precursores do modernismo.
Uma poesia que todos conhecem ou já ouviram/leram algum pedacinho:
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d`água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Isso me lembra infância, nos faz ter saudades e esperanças. Poesia é linda demais quando mexe com a gente! Coisas simples que muitas vezes a gente nem presta atenção e que fazem a diferença!
Marcadores: Arte e Prosa e Poesia, Conteúdo é tudo, Divagações